Alimentar-se de sonhos - Por Marilisa Cardoso

Você, caro leitor, gosta de sonhos? Aquele sonho com creme no meio, casquinha crocante e um açúcar de confeiteiro por cima? Pois eu adoro! Se outrora, eu me dava o direito de apenas comer uma fruta de sobremesa, agora, no início do inverno, gosto de um sonho à tarde acompanhado de um café passado na hora. Se o tempo está chuvoso, então, melhor ainda!

Quando criança, muitas vezes mamãe chegava em casa com um embrulho especial da extinta padaria Pernet. Eram sonhos maravilhosos... Talvez este fato tenha me ligado afetivamente ao sonho. Hoje, ganho sonhos do marido, da sogra e familiares que sabem desse meu gosto. Ganhar sonhos é muito bom! Mas, vez ou outra, quando vou à padaria também escolho um sonho, só que com certas exigências... Pelo olhar e aparência, sei dizer se está bom, fresquinho, e se vale a pena levar.  Sei se está no nível daqueles que experimentava quando pequena ou se é melhor, ou pior... Quando vamos ficando mais velhos, ficamos mais exigentes com certas coisas. O sonho é uma delas. Não é qualquer sonho que me preenche de alegria e satisfação!

Também, já estou em uma fase que não saboreio um sonho inteiro. Divido com demais pessoas à mesa. Em duas, três, ou até quatro partes. Eu sei que ficamos com um gostinho de ‘quero mais’ e que nem sempre é fácil dividir sonhos, mas essas sensações também são importantes na conquista! Ontem, por exemplo, tive um sonho roubado! Meu filho, que antes não ligava para sonhos, hoje degusta um inteirinho! Está em fase de crescimento… Aí, mãe que sou, tenho aquele sentimento de ficar feliz com a felicidade dele: “Deixe-o alimentar-se de sonhos!”.

Não tenho muitos ou grandes sonhos… Mas tenho sonhos, ganho sonhos. Eu me alimento de sonhos mais simples, cotidianos, como esses da padaria. De certa forma, também ofereço sonhos, promovo sonhos, como minha mãe sempre fez! Ela não apenas chegava com o doce embrulho da padaria, ela sempre cultivou, estimulou e incentivou a conquista dos nossos sonhos!